1780/1850 (?)
BOA-VISTA
Tudo indica que a Morna nasceu na ilha da Boa-Vista, pelo menos uma espécie de proto-morna, com possíveis influências do «doce lundum chorado», vindo de Portugal e da «modinha» do Brasil. A Morna na Boa-Vista caracterizava-se (e ainda caracteriza-se) por um andamento mais rápido e de estilo rubato. Uma das primeiras mornas conhecidas foi «Babilona» provavelmente composta por Maninha Santos de Povoação Velha.
1890(?)
BRAVA Na ilha Brava, o compositor Eugénio Tavares, admirador da poesia ultra-romântica e do fado já emergente, compunha as suas Mornas tocando guitarra portuguesa , segundo testemunhos plausíveis. Para além das melodias singelas, reinventa o crioulo poético de canção, com muita elegância. José Bernardo Alfama, publica em 1910 um livro de Canções Crioulas em Lisboa, contendo algumas mornas «bravenses».
1910/1950
S.VICENTE
A ilha de S.Vicente tornou-se um Porto cosmopolita e próspero, devido sobretudo aos capitais financerios ingleses. A Morna, já cantada pela célebre cantadeira Selibana e temperada por Eugènio Tavares, evoluiu com os músicos Luís Rendall, Muchim d’Monte, Miguel Patáda, músicos virtuosos da «escola brasileira» . B.Léza, o mais representativo, compôs melodias com o suporte harmónico dos «meios-tons» (acordes de passagem ou modulativos entre acordes principais). As influências directas da canção brasileira e do tango, então muito na moda, foram decisivas para o amadurecimento estético da Morna.
1950/1960
Fase intermédia de compositores de talento, que se não foram inovadores e seguiram os passos de B.Léza, criaram no entanto Mornas de subtil traço melódico e sentimental: Lela de Maninha, Olavo Bilac, Luluzim, e sobretudo Jótamont (Jorge Monteiro), prolífero compositor .
1960/1970
Assiste-se , a partir de S.Vicente e Praia, a «electrificação» da música de Cabo-Verde, incluindo a Morna. O grupo «Voz de Cabo-Verde», foi o mais significativo. A rítmica da Morna, usualmente dada pelo cavaquinho , foi adaptada na bateria por Franck Cavaquim (que tocava, como o nome indica, cavaquinho!), mas também por Ti Goi .
Nascimento de uma nova »Morna» inspirada na «canção internacional» (bolero, canção americana-Nat King Cole, Franck Sinatra, por exemplo - canção francesa, canção espanhola,etc).
Manuel de Novas, é o mais representativo desta nova fase. Compositor de grande elegância melódica e de um estilo personificado .
A nova Morna
A partir de Manuel de Novas, os jovens compositores tiveram um exemplo. Nos anos 70/80, começaram a empregar sequências de acordes pouco usuais (sétimas maiores, por exemplo, como no caso de José Júlio Gonçalves). Entre eles destacam-se Dany Mariano, Ney Fernandes, Jorge Humberto, Tito Paris, Betu, Antero Simas e muitos outros.
Assiste-se actualmente a estilos muito pessoais, cada um buscando caminhos, o que pressupõe a maturidade da Morna, ou pelo menos do ser artista .
FIGURAS DA MORNA
B.Léza, Eugénio Tavares, na primeira metade do século XX; Manuel d´Novas, Lela de Maninha, Olavo Bilac, Jotamonte, Ano Nobo, Rodrigo Peres, Djedjinho, numa segunda fase, são alguns dos principais compositores de mornas. Numa geração mais recente, destacam nomes como Betú, Nhelas Spencer, Tito Paris, Toy Vieira e Luís Lima (autor de letras em parceria com diferentes músicos, como Paulino Vieira, Vaiss, Ramiro Mendes).
Quanto aos principais intérpretes, refira-se Bana, Fernando Quejas, pioneiro na divulgação da morna em Portugal; Ildo Lobo, como vocalista d´Os Tubarões ou em carreira solo. Entre as vozes femininas, destaque para a mundialmente célebre Cesária Évora, a voz gutural e peculiar de Hermínia e ainda: Titina, Gardénia Benrós, Ana Firmino, Maria Alice, Celina Pereira, Nancy Vieira.
terça-feira, 22 de julho de 2008
segunda-feira, 21 de julho de 2008
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